
Através de inúmeros contactos recebidos da Região Autónoma da Madeira e de todo o país, a Ordem dos Assistentes Sociais tomou conhecimento das declarações de V. Exa. que diretamente visam a categoria profissional dos Assistentes Sociais.
De acordo com os registos de que dispomos, teria V. Exa. considerado que “os lugares de decisão precisam de pessoas sem medo de tomar decisões, de facto, e não de assistentes sociais nem de palradores” e também que “os centros de decisão não são para assistentes sociais”.
Foi com surpresa e apreensão que tomamos conhecimento destas declarações públicas que tão diretamente julgam inopinadamente o papel e a função dos Assistentes Sociais, nomeadamente em cargos de decisão.
Julgamos que V. Exa. nos dispensará de enumerar os diversíssimos cargos de decisão assumidos por Assistentes Sociais, quer no setor público, quer no privado, quer ainda no social. Estas declarações, além do desconhecimento que manifestam, são severamente lesivas de uma profissão centenária, que se renova todos os dias e não pode ser confundida com práticas assistencialistas ou de favores sociais designadamente por parte de quem, como V. Exa., tem a responsabilidade de posições informadas e não danosas.
A nossa perplexidade é ainda acrescida pelos atos de colaboração que a organização profissional dos Assistentes Sociais teve em momentos e mandatos anteriores e atuais da governação da Região Autónoma da Madeira.
A OAS não pode deixar de se manifestar sobre a gravidade destas declarações que indubitavelmente lesam os/as Assistentes Sociais, bem como as medidas de política, programas e organizações geridas por estes profissionais. Lesam, ainda, os destinatários dos serviços prestados, na justa medida em que refletem uma visão distorcida do papel e competências destes profissionais. Em última instância, saldam-se num desrespeito público por uma profissão que serve toda a sociedade, mas com particular atenção para os mais vulnerabilizados e indefesos. Não pode V. Exa. desconhecer a responsabilidade de quem acede com facilidade e bom acolhimento aos órgãos de comunicação social.
Como entenderá, cumpre-nos zelar pelo papel público que, enquanto Ordem, nos foi confiado na salvaguarda intransigente do interesse público, bem como na defesa de profissionais que, frequentemente, dividem com os cidadãos que servem as dores da incompreensão e menorização societal, que são mais lesivas quando são proferidas por aqueles que esperamos informados e isentos.
Na assunção plena da responsabilidade que nos vincula, daremos pública nota desta posição, esperando ter um alcance social idêntico ao que V. Ex.ª almejou nas suas declarações.
À OAS cumpre a responsabilidade desta posição pública de profundo desagrado, a V. Exa. caberá encontrar os meios adequados e proporcionais de reparação das declarações lesivas proferidas.